O Jubileu e os “Peregrinos da Esperança”
O ano que iniciamos há pouco será muito especial para todo o povo
católico, isso porque 2025 é o chamado “Ano do Jubileu”. Trata-se de um ano com
caráter particular, cujas origens remontam do Antigo Testamento, quando,
incialmente, foi criado como um ano santo que era convocado a cada 50 anos para
celebração de um restabelecimento de uma correta relação com Deus, libertação
de dívidas e repouso da terra. Era um período de descanso e renovação (Lv 25, 8-13),
conforme o esquema sabático na tradição judaica.
Ao longo do tempo, o significado desse ano foi sendo ampliado. O profeta
Ezequiel (46, 17), por exemplo, mostra o ano do jubileu como ano de celebração
pela libertação dos escravos, o perdão das dívidas e consequentemente a
restituição da liberdade. Era, portanto, a celebração da liberdade e igualdade,
além de indicar que todos são capazes de livrar-se da escravidão do pecado, e
por sua vez, recuperar a dignidade de filhos de Deus.
No Novo Testamento, a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, inaugurou um
novo tempo: o tempo da graça, da glória e da Boa Nova. O envio de Jesus pelo
Pai, inaugurou um Jubileu perfeito, através do qual os cristãos devem viver e celebrar
em Espírito e verdade (Lc 4,
18-19). Assim, a partir de Jesus Cristo, o Ano Santo ou Jubilar tornou-se
modelo permanente de vida e de entrega que abrange o amor ao Pai e ao próximo,
bem como os sofrimentos que são próprios da missão de Cristo e da Igreja. Dessa
forma, como comunidade cristã, somos chamados a acolher e trazer para o coração
da igreja nossos irmãos, pobres, humildes e excluídos que dependem das mãos de
Deus e do nosso comprometimento com Cristo e da nossa salvação.
Na História da Igreja, no
século XIII, precisamente no ano de 1300, o Papa Bonifácio VIII
institucionalizou o jubileu na Igreja Católica. Essa grande graça, confirmou o
ano jubilar com um importante marco na vida dos cristãos em sua jornada. Os
fiéis católicos passaram a viver na comunidade a celebração e renovação
espiritual, o perdão e a peregrinação própria desse período de reflexão e
penitência e que acontece a cada 25 anos, tradição que permanece até agora.
O Jubileu de 2025 foi convocado pelo Papa Francisco, com o tema
"Peregrinos de Esperança". O santo padre exorta o povo de Deus a
viver a experiência viva do amor de Deus e o despertar da esperança em nossos
corações e a salvação de todos em Cristo. “A esperança não engana” (Rm 5, 5).
Sendo um período especial e reconciliação com Deus, o ano jubilar é uma
oportunidade de vivência da graça e de uma profunda espiritualidade. Para isso,
como comunidade cristã em caminhada e, portanto, “Peregrinos da Esperança”,
devemos buscar um percurso de renovação profunda em nossos corações e na fé que
nos levem a atitudes de renovação interior e compromisso com a transformação
pessoal e social.
Neste Jubileu, somos convidados a viver a esperança de forma concreta
através de atitudes de reconciliação, caridade e oração. Ao assumirmos essas
práticas, seremos instrumento de salvação de vidas que precisam descobrir o
verdadeiro sentido do amor de Deus aos seus filhos. A esperança torna-se para
nós uma âncora firme que nos prepara para experiência da vida em Cristo, e do
amor ao próximo, mesmo diante das várias tempestades.
Neste ano jubilar, Cristo nos chama a caminhar como “peregrinos da
esperança”. Tome posse desse chamado, com a certeza de que a igreja é caminho
de salvação que nos leva ao encontro de amor com Jesus Cristo, presente nos
mais pobres e humildes.
Fortalecidos no amor de Cristo e de Maria, sejamos testemunhos vivos de
Cristo em uma igreja unida que se entrega ao projeto salvífico do Pai para
transformação do coração dos homens e de toda a humanidade.
Deus os abençoe!
Diácono Carlos Magalhães
Comente: